domingo, 30 de novembro de 2008

1.1- Regras de Pronúncia Latina



A pronúncia a ser abordada é a pronúncia romana, chamada, também, de pronúncia eclesiástica:
a) As vogais, quase sempre, mantêm seu som original, em qualquer posição que ocupem no vocábulo, evitando-se pronunciar o “o” como “u” e o “e” como “i” no final das palavras;
b) Os ditongos “ae” (æ) e “oe” (œ) pronunciam-se como “e”. Por exemplo: nautæ (náute), pœna (péna).
Obs.: Nas palavras de origem grega, e também em muitas de origem latina, o ae e o oe, cada vogal deve ser pronunciada separadamente. Quando tal palavra tiver tal peculiaridade o e virá com um trema sobre ela “ë ”, p.ex.: poëta (poeta). Contudo não é obrigatório o uso do trema. Só se exige quando pode haver confusão entre duas formas, p.ex.: aëris, genitivo de aër, o ar; e aeris, genitivo de aes, bronze. Em geral os livros litúrgicos trazem acentuação, quando necessário com trema. Por fim, nos ditongos o acento fica sobre a primeira das duas vogais, p.ex.: aurum (áurum), euge (éuge), déinde e não deínde.
c) C diante do e e i soa sempre como tche, tchi : Cicero (tchítchero), Cœlum (tchélum);
d) A letra “L” não tem som de “u”, mas da própria letra, como a palavra “sol” falada no Rio Grande do Sul ou em Portugal.
e) ch soa também como k: pulcher (púlker), Charĭsma (karisma);
f) g sempre como dge ou dgi: angelus (ándgelus), Georgĭcæ (Dgeordgitche);
g) gn tem som de nh: agnus (anhus - cordeiro)
h) h é geralmente mudo, excerto nas palavras mihi e nihil nas quais o h tem som de k; (miki, nikil);
i) O j (i consonante) não era usado pelos Romanos nas escrita; havia porém, diferença na pronúncia. A distinção entre i e j é posterior à idade média. O I consoante (j) quando precede uma vogal, tanto no principio como no meio da palavra: ianua = janua, porta; coniuratio = conjuratio, conjuração; em todos os outros casos é vogal. P.ex.: ais, tu o dizes, etc. Nos livros eclesiásticos na maioria das vezes o j é substituído, na escrita, pelo i;
j) m e n nunca são nasais: Campus (ká-m-pus, e não kãpus)
h) r nunca como rr: Roma (róma, com o r pronunciado como em barato)
m) s sempre como ss: rosa (róssa)
n) u do grupo qu é sempre pronunciado: qui, quem (kúi, kúem)
o) v sempre como u: vita (uíta) (no latim eclesiástico o v tem som de v mesmo não sendo substituído por u, salvo raras exceções. Em muitos livros recentes, o v é sempre substituído, na escrita, pelo u);
p) x como ks: maximus (máksimus), como a palavra fixo em português;
q) O t originalmente se pronunciava sempre como o som do t português. Foi no período da decadência da língua latina que prevaleceu o uso de pronunciar esta consoante como ci antes do i (i breve) seguido de vogal, p.ex.: propitĭus (propícius), propicio; amititĭa (amicícia), amizade. Este uso se conserva também no caso vocativo singular dos nomes próprios em us da segunda declinação, onde se suprimiu a vogal e, depois do i, p.ex.: Horati, que se pronuncia Horaci, Horacio; Tati, pron. Taci, Tácio entre outros.
Pronuncia-se sempre como em português:
1) Se for seguido de um ī (longo) ou acentuado, p.ex.: totīus e petiēram, pron. totíus, petiéram.
2) Se for precedido de s, x ou t, p.ex.: hóstia, Bruttĭum misĭio, justĭor.
3) Nos vocábulos gregos e estrangeiros, p.ex.: Miltĭades, Beotia, Ægyptĭus.
4) Na antiga desinência em ier do infinitivo, p.ex.: patĭer por pati, nitier por niti, em vitĭum gen./pl. de vitis, videira, para diferenciá-lo talvez de vitĭum, ii n., vicio
n) Os conjuntos qu e gu pronunciam-se sempre como se houvesse um trema no “u”;
o) o grupo “ph” tem o som de “f”.
p) z como dz: Zeus (dzeus)
q) y é pronunciado como o “i”
r) sc antes de e e i tem soa como ch. Adulescentĭbus (adulechéntibus)
s) as letras restantes (a, b, d, e, f, i, l, o, p, t, y) são pronunciadas como em português.
Última observação: letras dobradas como ll, tt, mm, etc., devem ser pronunciadas separadamente: uma coisa é coma e outra é comma.